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Apreensão para as cores nacionais

  Como é do conhecimento geral foram sorteados hoje os 8 grupos da Liga dos Campeões que terá, sem sombra de dúvidas, uma das edições mais fortes dos últimos anos. Uma das principais razões é o equilíbrio dos grupos muito por causa de haver uma qualidade inegável em todos os potes.

  Se o sorteio assim o quisesse podíamos ter tido Real Madrid ou Barcelona, Manchester City, Juventus e Borussia Dortmund. Curiosamente tivemos um grupo muito parecido que certamente dará que falar. Mesclar o futebol ofensivo e tipicamente inglês de Mancini com a equipa rapidíssima de Mourinho será algo a observar religiosamente sem piscar sequer os olhos. A meu ver esta é a oportunidade perfeita para a sua remissão depois de falhar na última edição da Liga dos Campeões. Na Liga Europa já todos sabemos o seu trajecto, marcado pelo calcanhar de Xandão. Tal como o que aconteceu com os alemães de Klöpp (e de notar que estas equipas partilham o grupo) na época passada a inexperiência neste tipo de competição pode ser fatal. No que toca ao Ajax, é de reparar que têm nome... mas esse não tem sido dignificado devidamente na Europa. De reparar que, apesar doutros grupos de grande nível, este grupo D é sem sombra de dúvidas o que deixa mais água na boca.

 No que toca às equipas portuguesas, os desafios são aliciantes. Apreensão, mas confiança: este é o lema que deveria ser mandatário em relação a este sorteio. Apesar de adversários fortes (afinal de contas se ainda não fosse não marcariam presença nesta competição de elite) e bastante imprevisíveis a jogar em casa mantém-se a ideia de massa associativa para outra: passar a fase de grupos. O trio português está numa posição favorável para passar na sua totalidade à próxima fase, sendo que a maior dúvida vai para o Braga de Peseiro.

  Comece-se então pelo princípio, pelo grupo A, onde o FC Porto é favorito pelo simples facto de ter estado inserido no pote 1 onde estavam também colocados os maiores colossos do futebol mundial como o Real Madrid e Barcelona. Só esse facto já era um alívio para Vítor Pereira, sendo que o mais próximo disso foi o Paris Saint-Germain treinado pelo italiano Carlo Ancelotti. 

  Quando este clube milionário tiver provas dadas que avise, portanto. Em 3 jornadas do campeonato francês somou o mesmo número de empates. Isto com Ibrahimovic, Lavezzi, Pastore (para não referir mais) é uma tremenda desilusão. No fim da época e também dependente do desempenho do clube nesta competição irá-se fazer um balanço geral deste gigante investimento do clube da capital gaulesa. Por acaso é muito, muito negativo. Seguindo para clubes mais modestos, há os "Dínamos". De Kiev e Zagreb, de acordo com as imagens. Dentro do pote 2 a equipa de Miguel Veloso era muito provavelmente o adversário mais acessível, calhando uma boa sina no sorteio que de resto também se verificou no pote 4. Os únicos pontos negativos serão, como na época passada, as viagens. Ucrânia e Croácia não ficam propriamente no outro lado da fronteira...

  Diga-se aqui que se tudo correr em condições normais Messi vai pisar o relvado da final da edição 2013/2014 da Liga dos Campeões. O Benfica tem de estar apreensivo neste sorteio. O clube terá que se mentalizar que as únicas perdas de pontos permitidas serão frente ao Barcelona. Na Rússia e na Escócia há a obrigação de resultados positivos neste grupo tão cínico para a equipa da capital.

  O Barcelona é sem qualquer tipo de dúvidas o destaque neste grupo. Como novo treinador será curioso verificar até que ponto Tito Vilanova manteve a filosofia culé ou então poderá ver-se isto pelo ponto de ser a própria filosofia a treinar o Barcelona, e não o treinador. O clube tem a mentalidade vitoriosa instalada, sobretudo pelo desenvolvimento dessa mesma por Pep Guardiola. Neste século foi o clube dominante no que toca a Liga dos Campeões e será o adversário mais forte para as águias. Há que ver também que haverão dois clubes intrusos, à partida, neste grupo. Russos e escoceses (apesar de Emery estar a aplicar o seu estilo espanhol nos moscovitas) tentarão também um lugar de acesso aos oitavos-de-final. Desconfio que não seja recomendável visitar a Rússia com possibilidades de clima adverso e o não menos irrelevante clima caótico nas bandas de Celtic Park. Adivinham-se dificuldades para os vice-campeões nacionais, claro está.

  Por fim, mas não menos importante, o Braga de Peseiro: a equipa que deverá ter mais dificuldades em qualificar-se. Sendo que o absoluto favoritismo será do Manchester United, faz-se a pergunta:

  Braga ou Galatasaray? (isto sem excluir os romenos do Cluj que contam com alguns portugueses, fazendo-se destacar Mário Felgueiras) São as duas equipas que mais possibilidade têm de passar aos oitavos-de-final da liga milionária, cada qual com as suas armas. Felipe Melo como o membro agressivo e fulcral na primeira linha de construção média dos turcos e Sougou como o artilheiro que tem pegado destaque nesta equipa.



Uma edição interessantíssima da Liga dos Campeões a acompanhar religiosamente nos próximos meses. Curioso ver que o regresso da Juventus à competição será marcado por um par de encontros frente ao campeão europeu, numa mesma fase de grupos onde, por exemplo, o Bayern de Munique irá medir forças com o Valência de Ricardo Costa e João Pereira. Para os amantes de bom futebol vem aí a competição mais paradisíaca da história do futebol de clubes. Para desfrutar, sobretudo.

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