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Adversidades criadas por Paixão


  Como adepto de futebol justo, este jogo foi para riscar do pensamento. Mas houve algo que me ficou entalado: como é que a comissão de arbitragem deixa o senhor Bruno Paixão ser um dos árbitros de destaque do nosso futebol? Já não se trata de profissionalização dos atuais árbitros portugueses, das suas respetivas insígnias da UEFA e FIFA, mas sim de competência e respeito para com as instituições centenárias com que lidam quase semanalmente. O Sporting tem tido razões para se queixar da arbitragem, e o segundo capítulo dum insólito pode estar bem próximo. Um árbitro conhecido nas andanças de primeiro escalão pode vir a suspenso se o mesmo se recusar a arbitrar um jogo do Sporting para o campeonato, tal como aconteceu a João Ferreira (3 jogos) na primeira volta, quando foi o desconhecido da AF de Aveiro a arbitrar o jogo em que o Sporting empatou no campo do Beira-Mar. De resto foi o protagonista do jogo, sem casos que se pudessem verificar no fim da partida. O mesmo afirmou Nuno Coelho, jogador do Benfica emprestado ao Beira-Mar durante esta época desportiva. Sendo a primeira experiência desse tipo um sucesso, a hesitação por parte dos 25 árbitros principais da comissão de arbitragem não deve ser tanta.

  Ontem quem perdeu foi o Sporting e a justiça, diga-se. O Gil Vicente (além disso, com mérito pelo bom jogo que fez) foi beneficiado na partida, com uma adversidade na equipa do Sporting, que se transformaria num dia negro para todos os associados do clube. Graças a Bruno Paixão, claro. As marcas de Manchester ainda estavam presentes: jogaram num dos estádios mais difíceis da Europa na quinta-feira, num ritmo intensíssimo. De louvar é a persistência e a atitude lutadora desta equipa de Sá Pinto, que de resto começa a herdar a personalidade do antigo jogador do clube que agora é treinador. Dando um ligeiro flashback viu-se que jogar com o Gil Vicente em Barcelos pode ser frustrante. Olhando para os lugares cimeiros na classificação (pódio) apenas se salvou o Braga, que com Lima a brilhar conquistou uma vitória dificílima neste que se está a mostrar um dos campos mais difíceis para os grandes. O Benfica empatou lá na primeira jornada e o Porto saiu derrotado por 3-1, são tudo notas que valorizam este Gil Vicente.

  Barcelenses que contaram com o fator surpresa numa fase precoce do jogo. Com algum espaço livre Rodrigo Galo fez o primeiro do jogo, num remate fortíssimo a meio da rua. Isto numa altura onde o Sporting tinha começado a sentir algumas dificuldades, mérito do Gil. Brasileiro este que na próxima época deverá fazer parte do plantel principal do Braga, visto estar emprestado pelo clube de Leonardo Jardim. Mais uma adversidade para o Sporting, está claro. Como se já não fosse difícil obter um resultado positivo em Barcelos, devia pensar Sá Pinto. Que de resto teve uma postura exemplar perante tudo isto: motivador durante o jogo, exemplar a afastar os jogadores do campo para evitar conflitos com Bruno Paixão e coerente na conferência de imprensa, não acusando e culpando Bruno Paixão pelo desfecho. Postura de se lhe tirar o chapéu.

  Se me permitirem, gostava de classificar a primeira grande penalidade como fantochada. A decisão não é contestada por Schaars tocar a bola com o braço, mas sim por não ser dentro da grande área. Neste lance a culpa é tanto de Bruno Paixão como do assistente, que estava em linha com tudo isto. Grande penalidade assinalada e defendida por Rui Patrício para manter um bocado de justiça naquilo que começa a ser um jogo estragado pela arbitragem. Segundos depois da primeira grande penalidade surgiu a segunda, por mão de João Pereira (esta indiscutível). Mas pela ordem de acontecimentos, uma grande penalidade não existiria sem a outra. A verdade é que Cláudio concretizou à segunda tentativa, fazendo o seu oitavo golo no campeonato (o que é surpreendente sendo ele um defesa central). Diga-se que Schaars foi bem expulso, dada a mão na bola e uma entrada nada calculista na segunda parte. Mas o Sporting nunca deixou de acreditar, isso é um dado que pode servir de consolo, se se pode chamar assim.

  O futebol é um jogo simples e atrativo, estragado por um homem de apito neste caso. Não houve qualquer intenção de Bruno Paixão a prejudicar o Sporting (ou assim o aparenta), é apenas incompetência. É preciso chamar novamente Fernando Martins para dar uma lição de arbitragem? Críticas ao árbitro de Setúbal com razão. Fazia bem o Sporting em requisitar novamente os serviços do imparcial aveirense.

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