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Prevaleceu a (falta de) maturidade

  Depois dum empate sem golos no António Coimbra da Mota os canarinhos comandados pelo jovem Marco Silva iam a Israel com uma complicada missão. A viagem, o ambiente e a própria falta de maturidade nas competições europeias podiam ser crassos obstáculos para a equipa portuguesa que tentava também obter o seu 1º golo nas competições da UEFA. Um dos objetivos cumpridos na viagem a terras estranhas para a equipa da linha, convém referir e sublinhar.

  O nervosismo pode ter tomado contra dos amarelos do concelho de Cascais na 1ª mão, mas um início agressivo e pressionante em terreno forasteiro deu-lhes um grande impulso na confiança e motivação para o resto do encontro. Fiel ao 4231 a equipa estreante (tal como o seu adversário, diga-se) entrou esforçada e decidida num dos encontros mais importantes da sua história de 74 anos. A dupla de extremos formada por Carlitos e João Pedro Galvão tomou as rédeas durante todo o jogo, porém com maior intensidade numa etapa inicial da partida onde os visitantes clarificaram o seu domínio absoluto no encontro. A grande penalidade convertida com sucesso pelo '10' desta formação, Evandro, veio apenas confirmar o domínio canário. Golo para ser festejado pela equipa, todo o corpo do Estoril, adeptos e especialmente para um fiel adepto da equipa que apareceu nas bancadas do Winter Stadium em Ramat Gan. Esse também merece uma menção honrosa.

  Grande penalidade convertida, Avi Soffer expulso e a eliminatória segura para o lado português. Um brasileiro a marcar o 1º golo da história do Estoril nas competições europeias, um registo que fica obviamente na história do futebol português. A assinalar um Estoril (muito) mais atrevido do que aquilo que foi no seu próprio estádio. Preocupante, mas ao mesmo tempo bastante aliciante. A melhor forma de descobrir como uma determinada equipa reage num embate europeu fora de portas é com garantias. Marco Silva teve as que precisou e as que colocam um Estoril europeu no play-off de acesso à fase de grupos da Liga Europa.

   1. ISRAELITAS COM AÇAIME. Tal como o Estoril, o Hapoel Ramat Gan fazia em sua casa o 2º jogo da sua história nas competições europeias. Encontrou-se desde cedo a perder e, para ajudar à festa, com menos 1 unidade. Recuou um dos trincos a central, porventura o acelerar duma morte lenta em solo israelita. Dadas as circunstâncias desfavoráveis restava aos homens de Arik Gilrovich arriscar. Sim, arriscar. Sem medos, receios ou rodeios. Jogava-se por um lugar num play-off de acesso à fase de grupos duma competição europeia. O Hapoel Ramat Gan limitava-se a trocar a bola na defesa quando tinham a posse da mesma. Uma equipa inofensiva que nem cães com açaime...

  2. A IMPORTÂNCIA DA EXPERIÊNCIA. O quão importante é, numa equipa como o Estoril, ter um elemento relativamente experiente no que toca a competições europeias? Deve ser um alívio, diria. Carlitos pegou na batuta e fez-se valente, afirmando-se como o líder desta equipa em campo. Não jogou a partida completa, sendo que Gerso entrou para o seu lugar aos 66. Mesmo estando fresco notou-se a falta do português dentro das 4 linhas. Não fazendo toda a diferença Carlitos foi, porém, extremamente relevante no jogo da equipa de Marco Silva. Uma autêntica bênção para o Estoril.

  3. INEFICÁCIA. Apesar de ter sido superior em ambos os jogos desta eliminatória o Estoril apenas conseguiu um único golo e de grande penalidade. Nas competições europeias há vários erros imperdoáveis numa equipa, sendo um deles a ineficácia. Um aspeto a tratar numa equipa que, mesmo assim, fez por vencer.

  4. PREVALECEU A IMATURIDADE. A perder, com menos um elemento em campo e com menos armas que o adversário. O que fazer? Arriscar! Arik Gilrovich foi imaturo e pouco ambicioso na forma que abordou o jogo. Não fez o Estoril passar por mais do que alguns ligeiros sustos, pouco dignos até de aparecer nos vídeos de repetições. O vencedor da passada Taça de Israel aprendeu de forma justa o que é brincar com gente grande no futebol europeu. Fim da linha para os estreantes de este.

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