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Juventude, um fator positivo?

  É do conhecimento geral que houve um fim de ciclo no que toca ao futebol alemão. Os germânicos que outrora eram divididos em duas partes devido a um famoso muro situado na capital do país apresentaram-se como um dos maiores candidatos à vitória do EURO 2012 devido à sua campanha imaculada na campanha de qualificação. Apenas se especulou uma hipotética decepção alemã devido à juventude da equipa. Depois das competições as ideias foram repartidas e expostas em diferentes pontos de vista. Uns otimistas em relação ao futuro da Mannschaft, outros nem tanto. Diga-se que o ponto fulcral para críticas foi a queda dos mesmos nas meias-finais da competição aos pés da Itália de Prandelli contra jogadores que tinham, no geral, um maior índice de experiências nas grandes competições deste género. Muito se criticou sobretudo as lacunas excessivas do sector defensivo. Até que ponto pode uma seleção irreverente, jovem e talvez imatura chegar, vencer e reinar?

  Quando no apuramento se pensava que haveria domínio alemão... foi mesmo isso que aconteceu. Em 10 jogos o mesmo número de vitórias com nenhum ponto a escapar aos pupilos de Löw. O único ponto a assinalar, fazer coçar e queixo e franzir o nariz foi o número de golos sofridos da seleção durante essa fase. Diga-se que foi a pior defesa dos primeiros classificados do grupo se excluirmos a Holanda em que se sabe onde está o plano de situação (apesar disso apenas somou mais 1 golo sofrido do que os grandes rivais). Mas pronto, é como dizem: "a melhor defesa é o ataque". Eu, muito sinceramente, tenho de concordar.

  O único senão às portas do EURO era a possível imaturidade que se podia revelar por parte dos alemães. Não é todos os dias que uma seleção apresenta um conjunto de jogadores com uma média de idades com 23,70. De venerar, claro. É preciso ter muita confiança em si próprio (no caso de Joachin Löw) e no trabalho do seu (muito) jovem grupo de trabalho. Convém dizer que só Nélson Oliveira está abaixo da média de idades da seleção alemã para a competição. Imagine-se uma mescla dos jogadores AA com os sub-21 de Portugal... eis a estratégia utilizada pela Alemanha. Isto, como podem imaginar, causa uma enorme valorização aos escalões jovens. Repletos de craques, diga-se também. Exemplos mais recentes vão para Kroos, Götze, Reus, Schürrle e a lista continua. Os números são realmente impressionante e a escola alemã continua a dar claros frutos, sendo as principais escolas o campeão em título Dortmund e o Bayern de Munique, o que não exclui outros clubes de colocarem jogadores muito promissores na seleção nacional (como foi o caso de Reus que na altura ainda jogava pelo Mönchengladbach, história clube que fez furor nos anos 70, vencendo 2 das já extintas Taças UEFA, 5 campeonatos, 2 Taças da Alemanha e uma Supertaça), claro está. Apesar da grande juventude alemã, os mais cépticos levavam a cabo as dúvidas devido a isso mesmo, quer à inexperiência e à imaturidade. Claro que, apesar dos meninos, líderes e ícones como Klose continuavam a fazer-se sentir. Mas sem tanta relevância.

  Dentro das expectativas. Era assim que estava a correr o Europeu à seleção alemã, com ou outro percalço superado pelo caminho, como foi o muito complicado desafio frente a Portugal e a muralha defensiva que montou Fernando Santos em Gdansk. Ultrapassados esses desafios era tempo de enfrentar uma raposa. Não, não falo de Trapattoni, mas sim dum treinador experiente com a típica cultura do futebol italiano: exibições frias (e quem não se lembra do penalti de Pirlo frente à Inglaterra, aquele que gelou meia Itália), cínicas e astutas. Sem o 3x5x2 que fez furor em 2011/2012 em clubes como o Parma, Nápoles e Juventus (com um maior sucesso), Prandelli decidiu encarar a partida de forma diferente. 4x1x3x2 foi o sistema montado com Chiellini na esquerda, Pirlo na primeira linha de construção no miolo, Montolivo como o criativo, a 10, e Cassano na frente de apoio a Balotelli que de resto seria o homem da partida com os dois tentos e aquela celebração que ficou famosa em todo o mundo.

  A frieza e a astúcia invalidou a irreverência e fez vir ao de cima a imaturidade. Nesse mesmo desafio frente aos italianos houve (muitos) erros defensivos, causando lances flagrantes para os transalpinos que, de resto, foram muito mal aproveitados. Por essa mesma razão o 1-2 foi um resultado francamente magro para aquela que foi a avalanche ofensiva dos finalistas vencidos da competição.

  Conclusão é elementar: a inexperiência em grandes competições poderá ter sido, sem dúvida, o calcanhar de Aquiles da turma de Löw. Contra as Ilhas Faroé ouviram-se assobios nas bancadas, haverão mais repercussões no futuro para esta jovem seleção? A verdade é que Low referiu que teria de haver uma mudança de sistema tático. Resta saber se esse mesmo trará maiores regalias e benefícios aos jogadores mais jovens para poderem encantar sem arriscar em demasia. Sempre candidata à vitórias nas grandes provas europeias e mundiais, esta geração alemã já pareceu mais temível.

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