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Clarividência ou persistência?

  Na passada terça-feira o Porto derrotou o Dínamo de Zagreb, hepta campeão croata. O osso mais duro de roer para as equipas restantes equipas do país de leste, porém um adversário razoavelmente acessível para a elite europeia como clubes como Porto e Benfica que possuem este estandarte (apetecendo-me debruçar para esta segunda equipa, será um tema debatido noutra altura... deixar a coisa correr primeiro). 

  Penso que é óbvio que nunca é fácil fazer deslocações a países mais estranhos, e não digo estranhos de cultura ou qualquer aspeto nacional, mas sim pela falta de conhecimento das nossas equipas (neste caso o Porto) em relação à Croácia, mais propriamente estes eternos campeões. Pois bem, numa deslocação dita como difícil e matreira o Porto venceu uma muito frágil equipa da casa (na maior parte do jogo, salvando-se um período de aperto para os campeões portugueses na etapa complementar) com Lucho a marcar um golo que o levou a um estado emocional diferente de todos os outros presentes no relvado. Uma homenagem enorme àquele que certamente fora um dos seus mentores e... seu pai. 

  Lucho González marcou, de luto, o golo inaugural da equipa de Vítor Pereira no Maksimir, aquele que certamente será o mais difícil estádio croata para se jogar. No seu esquema tático habitual (e sem uma peça importante em Fernando, diga-se) de 4x3x3 Vítor Pereira lançou Defour como esperado, tendo em conta a ausência do "polvo". Para a construção de jogo da equipa era, no plano teórico, uma baixa bastante importante. Felizmente para os forasteiros não se notou tal coisa. Antes do golo viu-se como se deve saber um sinal mais a emergir para os lados portugueses, com o Porto a dominar a bola a seu belo prazer. Contra os croatas que pouca chama mostravam (e quando o tentavam fazer era imediatamente apagada por uma defesa sólida e, como habitual, um meio-campo muito trabalhador) o golo acabou por surgir com alguma tranquilidade e previsibilidade. Lucho marcou horas depois de ser lhe anunciada a morte do pai. Emocionante vê-lo a festejar o golo neste caso, presumo.

  O ponto negativo da exibição foi mesmo a pouca clarividência no último terço. Apesar das oportunidades surgirem em grande número (veja-se por exemplo que no total foram 22 remates dos dragões) faltou algo... velocidade, talvez. Força também ajudaria no caso, sendo Atsu a opção para clarificar o sector ofensivo, isto numa altura em que os croatas estavam mais atrevidos e por pouco não marcaram numa ocasião em que Hélton valeu aos azuis e brancos.

  Como esperado, Hulk fez falta na tal clarividência que falei anteriormente. Formou-se então um jogo de paciência, fundamental para esta vitória portuguesa na liga milionária. Sem a presença do jogador mais forte, possante e rápido da equipa a opção recaiu por um estilo de jogo semelhante, mas sem tanta capacidade de alterar o ritmo com uma rapidez tão grande. Um teste de fogo superado... 1 de 6 portanto. No registo estatístico verifica-se um claro domínio do Porto de Vítor Pereira, assim como uma vitória tranquila numa margem que até pode-se classificar com escassa. Notas individuais há algumas, desde o falhanço inacreditável de Jackson à exibição cheia de glamour de Alex Sandro. Numa segunda parte menos descansada o segundo golo acabaria por selar definitivamente as contas no ambiente infernal que os azuis de Portugal tiveram que suportar. 

  Muito resumidamente, 4x3x3 sem Fernando que deu igualmente resultados na prática. A falta de Hulk fez-se sentir pela falta de criatividade no sector mais ofensivo, num jogo em que os croatas apenas deram de si no seu melhor período que iria surgir no meio da segunda parte, onde poderiam inclusive ter marcado. Venceu a melhor equipa, a que se superiorizou taticamente, sobretudo. Não houve argumentos da equipa que jogava no seu país, que deverá lutar pelo 3º lugar deste grupo.

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