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Um olhar ao Braga de Peseiro

 Antes de ir tentar conquistar um lugar na fase de grupos na Liga dos Campeões, o Braga de José Peseiro ganhou um boost de motivação frente à quebrada e desmotivada equipa de Ulisses Morais que, apesar das constantes tentativas de incentivar a equipa, acabou por ver a sua equipa desmoronar-se depois do par de golos marcados pelo madeirense Rúben Micael. Um mês depois de chegar ao, na altura, estágio de pré-época dos minhotos o madeirense vai conquistando aos poucos um lugar naquele que é sem qualquer dúvida um dos lotes de médios mais fortes do campeonato. Só o facto de ter 4 jogadores com chamadas à seleção nacional A diz muita coisa. Imaginemos um trio com Custódio numa posição mais defensiva, Hugo Viana e Rúben Micael. Seria um exemplo de respeito para qualquer outra equipa do país. Incluindo um elemento brasileiro como Mossoró (um médio mais ofensivo do que qualquer um dos outros referidos) há o equilíbrio ideal no meio-campo minhoto. Frente ao Beira-Mar jogaram três portugueses no miolo: Custódio a 6, Amorim na posição mais balanceada e Rúben Micael como o médio mais próximo dum box-to-box, construindo jogo e partindo, mais do que os restantes médios, para iniciativas ofensivas.

  Ao intervalo do jogo frente à turma de Ulisses Morais o Braga tinha uma vantagem anímica frente à Udinese de Guidolin, como se sabe. Os bracarenses venciam e convenciam duma forma quase transcendente, enquanto os zebrette tinham sido derrotados pela Fiorentina...depois de estarem a vencer. Numa exibição bastante personalizada a equipa de Peseiro enfrentou o Beira-Mar num 4-3-1-2 com Hélder Barbosa a vaguear pelo espaço. Carlão e Lima na frente foram bastante perigosos como habitual.

  Analisando o jogo em si o Braga foi, sem contestação, muito superior. Ulisses Morais montou a sua equipa com blocos baixos, não se expondo em demasia (em nenhuma altura do jogo, mesmo estando a perder) e confiando em jogadores rápidos como Balboa para dar consistência às transições rápidas. O objectivo desta estratégia era não dar espaço a Lima e a Carlão, colocando sempre um vasto número de jogadores atrás da linha da bola. Jogadores muito interventivos no ataque como Rúben Micael teriam certamente maior facilidade em conseguir penetrar a defesa através de passos em profundidade caso a estratégia dos aveirenses fosse distinta. Com o capitão Hugo a comandar a defesa a equipa do já experiente Morais conseguiu manter a equipa de Peseiro fora da rota certa até a esse mesmo capitão do Beira-Mar ter o seu momento infeliz a remate de Micael. Um pequeno toque com a perna bastou para fazer um chapéu perfeito a Rui Rego. A partir daí a defesa adversária quebrou... notoriamente. O golo foi talvez ingrato para aquela que estava a ser uma irrepreensível defesa aveirense e é óbvio que uma equipa deixa-se levar pelas ondas negativas depois disto. Recorde-se que fizeram muitíssimo pouco para marcar e jogavam para o empate.

  O segundo golo surgiu também por Micael com um desvio dum jogador do Beira-Mar. Nota neste golo para uma temporização muito inteligente de Carlão que fez a assistência. Saltando alguns detalhes irrelevantes vai-se para a segunda parte onde não houve muita história. Dois golos e um ascendente do Beira-Mar foram as notas dominantes, sem grandes oportunidades e momentos de encher o olho (com a excepção dos golos, diga-se). Pode-se dizer que foi a tarde do Rúben, já que Amorim fez o terceiro tento dos bracarenses que jogam na próxima terça-feira o apuramento para a Liga dos Campeões. O que esperar no Friuli? A Udinese é uma equipa tipicamente italiana. Não se expõe, não arrisca e são absolutamente frias (como se chamou muitas vezes a seleção transalpina que tantos olhos regalou no EURO 2012). Com a vantagem que se sabe na eliminatória a situação será difícil para o Braga, já que um passe em profundidade para Di Natale pode ser (e geralmente é) fatal. A maior das sortes para Peseiro, o homem do leme que tanta confiança tem merecido por parte da massa associativa do Braga. Apesar das boas exibições domésticas a verdade é que vão precisar para o ambiente que lhes espera.

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