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Na Itália, o baile do madeirense

  Depois do sorteio ter ditado dois embates com italianos a opinião geral foi a dum desafio muito difícil para os lados de Braga. Não seria para menos e, apesar de ambos os clubes terem terminado no mesmo lugar dos seus respetivos campeonatos, as duas ligas são pouco comparáveis no que toca a número de equipas "de competições europeias" e realidades competitivas. 

  Quando num lado existem 4 clubes que ocupam constantemente essas primeiras posições no campeonato, noutro existe um tipo de competitividade e exigência diferente sendo praticamente o dobro das equipas com presenças regulares na Europa (não só pelos lugares que a Serie A dispõe para a Europa, mas também pela habitual competitividade que existem em solo transalpino, uma rivalidade entre territórios como se "brinca" em Portugal). Na teoria são dados curiosos, relevantes para lançamento de jogos. Na prática é costume ser irrelevante. No Friuli não foi diferente, sendo que a diferença entre os campeonatos e a realidade entre ambos foi um dado a apagar. Dominante foi o adjectivo que melhor definiu a exibição do Braga. De resto, se fossem obrigatório usar mais, seriam todos positivos. Tal como a exibição da equipa de Peseiro.

  A preparação para este jogo foi minuciosa por parte de ambas as equipas. Para já a gestão foi bastante cuidadosa, tenho a Udinese ido a Florença com apenas 3 dos titulares deste embate europeu. Aliás, a talvez excessiva gestão de Guidolin saiu cara...decerto é que devia ter o possível desfecho em mente. Lembre-se que os zebrette foram a Florença perder por 2-1 no fim-de-semana. No caso dos bracarenses foram 4 que repetiram a titularidade: P. Vinícus, Custódio, Rúben Amorim e Lima. De facto podem-se considerar peças importantíssimas em momentos diferentes: o primeiro brasileiro a defender, Custódio e Amorim para anular a construção adversária e ser a linha de construção ofensiva mais recuada e, finalmente, Lima...penso que nem é preciso referir o porquê, este é sempre fundamental.

  Domínio do Braga em maior parte do que jogo foi o que se verificou. E, sim, a Udinese foi uma equipa com tendências defensivas como era de esperar. Daí o onze com características com mais soluções, ao contrário do que se passou frente ao Beira-Mar. Quando nesse jogo eram de esperar subidas mais frequentes dos laterais, no Friuli era demasiado perigoso expor-se a uma equipa com Basta e Armero nas alas, servindo Di Natale com tentativas de penetração ao coeso sector defensivo do clube português. No seu 3x5x2 (que a defender torna-se numa espécie de 5x3x2, mas sempre com 10 homens atrás da linha da bola, restando Di Natale) a formação de Guidolin entrou ligeiramente melhor na primeira, ainda assim. Mas rapidamente a equipa de Peseiro assumiu o jogo, também é importante dizer. 

  Para haver uma noção da coisa a posse de bola chegou a rondar a casa dos 60% e, num momento, ultrapassando, até. O controlo do jogo intensificou-se na segunda parte, aquando duma eficaz "parede" formada por Viana e Custódio que, sem pressionar em demasia, conseguia posicionar-se estrategicamente na 1ª zona de construção alheia e, de forma manhosa, interceptar as tentativas de passe de homens como Pinzi, um dos mais interventivos a sair com a redondinha. Mais uma vez uma nota para o meio-campo bracarense, onde 4 homens lutaram por dominar o miolo (Rúben Micael entrou para substituir Amorim, partindo para uma linha de construção mais interventiva no último terço e deixando Viana noutra linha com Custódio, formando a tal "parede" que já irritava os adeptos italianos no Friuli). Esses 4 homens eram portugueses, sendo que um total de 6 portugueses alinharam pelo clube de Peseiro. Um dado relevante sobretudo no meio-campo, como é do conhecimento geral.

  Para finalizar, diga-se que o azar do Braga foi a sorte da Udinese. Os italianos a jogar em casa e com a eliminatória a ser-lhes favorável à partida, a equipa que tinha deixado sair homens fulcrais como Isla e Asamoah teve a felicidade de conseguir chegar às grandes penalidades. Mérito, quase exclusivamente esse, ao guarda-redes Brkic. Faz com que Handanovic já tenho sido apagado da memória dos adeptos... ou quase. A lotaria das grandes penalidades normalmente faz de irrelevante um eventual domínio no jogo. Desta vez não. Toda a equipa do Braga mereceu a passagem e o grande prémio monetário, é basicamente isto. Dois golos marcados frente a uma equipa que defende com 10 homens atrás da linha da bola é, se compararmos novamente com a realidade do futebol português, muito positivo. Isto se virmos que é uma equipa italiana que tem um treinador, no mínimo, manhoso. 

  Preparam as canetas! Quinta-feira sorteia-se o futuro de Portugal na liga milionária.

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