Frente a um Guimarães que poucas oportunidades teve para mostrar o seu futebol os campeões nacionais em título fizeram aquela que, sem grandes dúvidas, foi - a par daquela conseguida na Supertaça Europeia - a melhor exibição da era Vítor Pereira. Como grandes catalisadores da vitória azul e branca há a equipa. Solidária entre os seus elementos, coesa a defender e a pressionar e letal no último terço onde, convém dizer, passou grande parte do jogo. Uma vitória à campeão com Lucho a marcar dois golos marcou o sábado passado que também ditou uma vitória categórica do Braga no seu estádio.
A expectativa era muita a envolta neste jogo. Depois do empate em Barcelos dizia-se que esta recepção ao Vitória de...Rui Vitória seria muito complicada. Tal se diria pela atitude defensiva que a equipa berço mostrou face ao Sporting de Sá Pinto que apesar de tentar não conseguiu colocar a bola dentro da baliza adversária. Mesma estratégia que em dois jogos não funcionou: bloco baixo e tentativa de ataques rápidos. Para desespero de Rui Vitória a estratégia caiu por cima muito cedo no jogo. Os vimaranenses limitaram-se a defender e a imagem que foi transmitida ao intervalo da emissão mostrou que a zona onde os homens do Vitória mais se movimentaram foi na sua grande área ou meio-campo defensivo, enquanto o processo inverso se verificou na equipa da casa. Percorridos (no total) um arredondamento de 97km ao longo do jogo a sua grande maioria foi na metade adversária. E por grande maioria foi mesmo esmagadora, diga-se. Desde o princípio do jogo que o domínio foi claro e as iniciativas de ataque portistas começavam a surgiu duma linha de construção enraizada por João Moutinho e Lucho González. Como era de esperar ambos estes médios se intrometiam nos ataques da turma de Vítor Pereira, deixando Fernando à espera duma eventual saída adversária e com os centrais Maicon e Otamendi a serem espectadores, regra geral, na linha do meio-campo. O que faltou ao Vitória para conseguir singrar? Talvez um jogador dianteiro que executasse mais rapidamente o contra-ataque? Decerto que mesmo com esse elo acrescido seria pouco útil. Defendiam 3 no Porto se contarmos com o "Polvo", Fernando Reges. Na primeira parte raramente foram chamados ao jogo e, se sim, um dos movimentos habituais era o passe atrás para Hélton (que mesmo quase fazendo uma asneira com os pés...sorriu). Este brasileiro também esteve sossegado durante o jogo ou maior parte dele.
Diz-se que o Porto tinha duas fotocópias nos dois flancos. Hulk e Atsu, um brasileiro e o outro ganês. Um mais velho do que o outro, sendo que o ganês ainda carece de experiência a este nível. Também muito forte fisicamente o jogador que esteve emprestado ao Rio Ave na época passada fez de gato sapato a defesa vimaranense, também. O segundo golo de Lucho teve, inclusive, origem neste jovem. Muito fez Douglas para parar o primeiro remate. Mas na recarga, já se sabe...
De regresso ao Dragão em jogos oficiais o Porto afirmou-se imediatamente com uma avalanche ofensiva. Encostou às cordas um Vitória já sem grande caudal ofensivo, é verdade, fazendo com que pudesse executar as tranquilas trocas de bola no último terço do campo sem grande pressão adversária. Apesar de alguns passes falhados (e esse deve ter sido o único ponto negativo da exibição) na primeira parte as trocas de bola eram eficazes, por vezes criativas e sobretudo objectivas. Notou-se em campo uma equipa muito rotinada num dia em que (e num dado completamente irrelevante) se disse que Kagawa também já mostrava uma rotina de jogo muitíssimo evoluída para o tempo de curtas semanas em Manchester. Algumas combinações foram simplesmente brilhantes, fossem passes curtos, em profundidade ou em habilidade (como se pôde ver nuns segundos em que Jackson, Moutinho e Hulk trocaram a bola no lado direito do meio-campo). No primeiro golo viu-se uma transição muito rápida que resultou num remate à queima-roupa. Mesmo ao jeito de Lucho, convenhamos. Numa análise aos restantes golos, pode-se dizer que o segundo não teve história: o remate foi demasiado rápido para isso. Pé esquerdo na bola, petardo para a baliza e o público a festejar, mais nada a referir.
Numa nota também relevante é de referir que Hulk esteve bastante interventivo no jogo colectivo da equipa. Como devem saber nem sempre o brasileiro é um jogador que passe a bola com frequência. O golo tem origem num grande passe da grande figura deste Porto para Alex Sandro. Grande não pela execução, mas pela importância que teve na resolução da jogada. Depois de atrair marcação confundiu completamente a defesa adversária quando passou para outro dos jogadores que esteve nos Jogos Olímpicos na Inglaterra. E depois, para finalizar, a "Panenka". Noutros dados estatísticos o Porto teve 71% de posse de bola, enquanto ripostou aos 5 remates do Vitória com 23 de sua parte. Os 65 ataques também falam por si. Uma das razões para tal foi a atitude interventiva dos laterais no ataque do Porto. Realmente não foram necessários em acção defensiva.
Uma nota máxima a Vítor Pereira que montou uma equipa quase perfeita nesta partida. Fez entrar Alex Sandro para o 11 inicial, um jogador fulcral também no que tocou a dar velocidade à manobra atacante da sua equipa. No outro lado fez Atsu entrar para o lugar de James, um castigo severo e apropriado tendo em conta a sua pobre exibição em Barcelos. Um jogo que, apesar de tudo, que apenas contou com 21 faltas, um número muito baixo. Uma noite de muito entusiasmo para os adeptos duma equipa, enquanto os vimaranenses tiveram muito que debater depois do apito final.
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