Quem a tratar bem será recompensado. Falo do objeto fulcral num jogo de futebol, mais do que os cachecóis na bancada e as Nike personalizadas. Catalisador de emoções, de alegrias e tristezas. Falo, está claro, na redondinha. Que desde os primórdios do futebol tem sido a peça mais importante num jogo de futebol. Porém, todos a usam de maneira diferente. Com uma analogia. Colocar a bola dentro da baliza é o objetivo, com equipas a fazê-lo de forma diferenciada. É isso que transmite a beleza daquilo que é o futebol. Há quem trate a bola de melhor ou pior forma. Principalmente as gerações passadas marcaram a incorporação dos magos do futebol. Maradona, Baggio, Di Stefano e Cruyff (este último também conhecido por implementar uma nova filosofia no futebol, uma ideologia revolucionária) até ao novo milénio, marcado por jogadores como Kaká, Zidane, Del Piero, Pirès e Pirlo. Existem atletas que, sem transpiraram classe, como alguns usam a expressão, têm espalhado magia nos relvados com o seu futebol ágil e eficaz, adaptando-se a qualquer sistema proposto.
Cristiano Ronaldo tem sido, nos últimos anos, um dos principais responsáveis pelo sucesso dos seus clubes. Independentemente ser em Inglaterra ou Espanha, Reino Unido ou Península Ibérica. A sua condição física e atributos, quer físicos quer mentais, têm sido os fatores determinantes para o seu sucesso. Velocidade, perícia, agilidade e força. Um dos melhores jogadores portugueses da história a pisar os relvados. Distingue-se dos restantes portugueses. Não ignorando o que disse acima digo que existiram (e existem) jogadores lusitanos com uma classe magistral. Digna de vénias. Jogadores como Eusébio e Rui Costa são dos principais referidos, quando se colocam os termos 'classe' e 'português' em relação ao futebol. Atualmente há um jogador em particular que me encanta, jogador do Futebol Clube do Porto e número oito. João Moutinho. Passando ou não despercebido no jogo a verdade é que os seus passes, fintas e dribles têm sido fulcrais naquela que tem sido uma época irregular da equipa da cidade invicta.
Foco agora as atenções no icosaedro truncado, sólido de Arquimedes conhecido por dar vida a uma bola de futebol perfeita, formada por 32 padrões quer pentagonais e hexagonais. Há quem a rebente, ainda assim. Ao alto lembro-me do confronto do Benfica frente ao Feyenoord, em 2010. Estávamos em altura de pré-época, o Benfica goleava assim os holandeses por 4-1 em Vila Real de Santo António. Na minha memória ficou um lance caricato entre David Luiz e a tão falada Jabulani laranja. A tentar um alívio na grande área do Benfica liderada por Roberto, na altura, o brasileiro rebentou a bola.
Há também quem a estime em demasia. Radamel Falcao, na época passada, levou uma bola para casa. Ou melhor...duas. Em duas eliminatórias consecutivas o colombiano fez sete golos (três no Dragão frente ao Spartak de Moscovo e assinou um poker no mesmo estádio, frente ao Villarreal) e fez um refresh no termo 'levar a bola para casa', iniciado pelo patrão da defesa da seleção brasileira da década de 30, Domingos da Guia. Jogador que se tornou ainda mais célebre por dizer que demorava a soltar a bola porque a amava muito. Palavras que, vindas de um jogador de futebol dos dias de hoje, até pareceria surreal. O amor entre o jogador e uma bola, porém, será sempre sentido.
Mas a história de Bagni e Maradona ultrapassa todas as outras. O pequeno Diego Armando era sempre o último jogador a abandonar os treinos do Nápoles porque ficava sempre a arrumar as bolas nos sacos, brincando com elas. Intrigado com a situação o italiano Bagni ganhou coragem, perguntando-lhe porque fazia tal coisa com ajudantes próprios para tal. A resposta foi mágica.
"É sozinho porque gosto de estar só com elas, tratá-las com carinho, falar-lhes ao ouvido para que no dia do jogo me obedeçam, amo-as tanto que todo o tempo do mundo com elas seria pouco para mim".
Ao que parecia esse amor era recíproco, com o pé ou com a mão, como pode testemunhar a seleção inglesa de 86.
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