A mudança de treinador no Sporting não foi (embora o tenha aparentado numa fase inicial) prematura ou irracional. Aos poucos a equipa vai modelando um novo estilo de jogo e, consequentemente, inovando o seu próprio. No tempo de Domingos Paciência houveram algumas mudanças posicionais (sobretudo no decorrer dos jogos, trocas posicionais no meio-campo, com Schaars a ser talvez o homem mais polivalente naquela área), porém, numa fase, sem grande sucesso, numa altura em que nada corria bem, para que conste. Com a vida do homem que deu ênfase ao lema "coração de leão", houve um jogador que se destacou numa posição não a sua de raiz. Falo do homem da imagem, como já devem ter percebido. Daniel Carriço tem sido um jogador determinante na construção do jogo e equilíbrio entre sectores. Como número 6, ou trinco (como preferirem), o jogador ganhou um ritmo que não tinha à algum tempo. Criticado como central por alguns está neste momento a ganhar um novo dinamismo, uma polivalência que lhe pode ser essencial.
No reverso da medalha temos André Santos. O 6 que quer ser um 8, como disse Luís Freitas Lobo. O problema do jogador é ter, essencialmente, funções para um número 6. Construção de jogo e balanceamento do mesmo, como qualquer típico jogador a exercer essa posição no terreno de jogo. Talvez essa fosse a principal razão do seu descontentamento aquando a época extremamente negativa do Sporting no começo de 2012, aliando ao facto de não ter sido opção regular. O facto de potencialmente não render com essas funções pesa. Mas a solução é elementar, ao nível de qualquer um. Fazer avançar o jogador em circunstâncias normais, com a sua criatividade e genica (raça, atitude competitiva própria da idade do jogador de 21 anos). 350 minutos com um jogador com aspirações de futura titularidade. É francamente pouco. Outra das razões que justificam a falta de minutos de André Santos é justamente Daniel Carriço, que não arreda pé no 11 do Sporting.
De um lado temos um 3 que virou 6, e noutro um 6 ou quer ser um 8, mas que por agora tem de se contentar com as poucas brechas que tem para mostrar o que vale. Mas isso de pouco serve se a sua posição é explícita: 6! A este ritmo é imprescindível fazer mudanças que possam prejudicar o rendimento da equipa, mesmo que para o futuro os resultados dessas mudanças venham a justificar-se. Para tal servem as pré-épocas, alturas em que as rotinas de jogo são assimiladas. Isto porque - e apesar do desapontamento no campeonato - o Sporting ainda tem duas frentes possíveis. A final da Taça de Portugal e um confronto impróprio para cardíacos em Manchester. Para mudanças já bastou ao Sporting o atual treinador do Hearts, Paulo Sérgio. O tal treinador que não tinha um base e/ou tática base. Em pouco tempo no comando do Sporting, Ricardo Sá Pinto já conseguiu dar algo de novo à equipa. Além da equipa ser sobretudo mais sólida (isto dado ao que vou referir a seguir), a alma aumentou. O lema do Sporting está a ser levado para outro nível na Europa.
Esforço, dedicação, devoção e glória. Esta é uma das frases que descrevem o Sporting, sempre que é referido o clube lisboeta. E o facto de ser um ex-jogador que um sentimento guerreiro enorme a treinar o clube é determinante. A diferença mais relevante é essa. A garra é visível por aquilo que a equipa tenta produzir, mesmo que nem tudo saia na maior das perfeições. Um homem determinante no balanceamento de processos e um novo alento para o clube leonino, numa frente interna e europeia.
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