É sabido que o FC Porto não tem sido muito feliz quando vai jogar a Alvalade. A estatística de pouco serve - e de resto não é esta que vai para dentro do campo daqui a menos de uma hora. Em Lisboa encontram-se duas equipas com objetivos completamente distintos, sendo que uma delas olha para o topo e outra tem que, atipicamente, olhar para o fundo. O mau momento do Sporting tem-se prolongado por já um número considerável de épocas, enquanto o Porto solidificou o seu estatuto de melhor clube português no século até à presente data. São dois grandes portugueses com duas ambições e realidades completamente inversas; joga-se um clássico de duas faces na capital do país.
O "graúdo" Jesualdo reencontra a equipa pela qual foi feliz, vencendo 3 campeonato em apenas 4 anos. O ano em que não levantou a taça da liga portuguesa deveu-se a um Benfica endiabrado e, diga-se, a um Braga que surpreendeu muita gente. Agora no outro lado da barricada e com uns 66 anos marcados por uma experiência incrível como treinador, Jesualdo tem a função de tentar contribuir para a fuga do Sporting do (quase) fundo do poço em que se encontra. Já o "miúdo", Vítor Pereira, tem a ambição de se tornar novamente campeão pelo Porto, o segundo do técnico e o terceiro consecutivo numa onda vitoriosa iniciada por Villas-Boas numa das melhores épocas da história do clube azul e branco. Desta feita, com 44 anos, a missão para o antigo treinador do Santa Clara e Sp. Espinho é complicadíssima: ganhar em Alvalade sempre foi um problema para os portistas, num jogo que irá ser marcado por reencontros: Miguel Lopes, Varela, Izmailov, Liedson e o próprio Jesualdo Ferreira. Moutinho deverá ver o jogo na bancada devido a lesão.
Extremamente complicado para o Porto pontuar no estádio de Alvalade em jogos a contar para o campeonato. Se formos virar a enciclopédia do princípio ao fim registam-se 78 jogos, ao todo, entre estas equipas no estádio de Alvalade. Dado o momento atual da equipa da casa neste jogo é surpreendente dizer que tem mais do que o dobro das vitórias do Porto, mas a verdade é que a equipa verde e branca tem desde sempre feito a vida negra aos dragões. 42 vitórias para o Sporting, 17 empates e apenas 19 vitórias para o Porto é o registo geral de encontros entre estes 2 colossos do futebol português em portas dos leões. Para sorte dos dragões a estatística não passa apenas disso.
Tem sido de facto duro ser adepto do Sporting nesta época, imagino. Desilusão atrás de desilusão tem manchado mais uma época da equipa leonina que, como habitual, prometia. Mas tal como a estatística... não passa apenas disso. Um arranque duvidoso e muitas confusões marcaram o 2012 do leão e como era esperado a crise passou para o novo ano. O facto da equipa já ter tido 4 treinadores nesta época explica muita coisa. O Porto, por sua vez, apresenta uma realidade completamente diretiva. O projeto desenvolvido passa pela continuidade e, consequentemente, pela tranquilidade. Tendo ficado 4 anos no FC Porto, Jesualdo Ferreira tornou-se num treinador muito bem sucedido pelos lados do Norte. Claro que nesses dois pares de anos o agora treinador do Sporting também teve momentos maus, mas é certo que não foi despedido aquando dos seus desaires. Já Vercauteren...
Outro aspeto que tenho de referir são as constantes mudanças no futebol do Sporting. Com 4 treinadores diferentes só nesta época (contando também com Oceano que curiosamente defrontou o Porto na 1ª volta) a forma de jogar nesta equipa está a ser constantemente desregulada e modificada: desde a pouca disciplina tática de Ricardo Sá Pinto aos métodos cuidadosos e inteligentes de Jesualdo que tenta agora imprimir irreverência na equipa com a inclusão dos elementos mais carismáticos e dotados da equipa B.
Tem sido regra para o FC Porto mudar pouco de época para época ao contrário do que acontece com o adversário desta noite dos azuis e brancos. A época começou com apenas uma novidade no 11 base do técnico Vítor Pereira: Jackson Martínez. Uma aposta ganha que, não fazendo esquecer Falcao na sua totalidade, está a dar uma réplica deveras impressionante. Se 22 golos em 20 jogos no campeonato não é impressionante, então poucos registos o são. O colombiano veio, viu e venceu.
Duas realidades diferentes, uma equipa no topo do futebol nacional e outra, de forma não muito surpreendente tendo em conta épocas anteriores, a lutar para não se afogar no fundo.
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