Com uma performance tipicamente italiana e mais golos a cair do pano, a Crónica Futebolística explora os pontos positivos e negativos do quarto dia de EURO 2016, com 5 golos em 3 partidas e momentos para mais tarde relembrar naquela que é a primeira segunda-feira de competição.
+ ANTONIO CONTE - ITÁLIA Cotada por muitos como uma das piores seleções italianas de que há memória, a squadrazzurra silenciou os críticos com uma vitória tipicamente italiana em Lyon, frente a uma Bélgica que voltou a desiludir em grandes competições. Com ausências de peso no meio-campo como Claudio Marchisio, Marco Verratti ou Riccardo Montolivo por lesão - e Andrea Pirlo por opção -, Antonio Conte construiu a equipa à volta dos 3 centrais da Juventus e de uma estrutura sólida.
Sem nomes especialmente sonantes no último terço, especialmente comparado com as passadas gerações, Graziano Pellè, que há muito merecia brilhar numa grande competição de seleções, deu uma machadada final numa partida onde Emanuele Giaccherini abriu o marcador depois de uma bola longa absolutamente incrível de Leonardo Bonucci, incontestavelmente uma das figuras maiores da partida. Sujeitando-se a uma relativamente eficaz pressão belga no último terço da partida, o jogo nunca pareceu fugir das mãos dos italianos que fecharam o marcador já num dos últimos pontapés do jogo. Apesar de terem abdicado do domínio do jogo, nunca deixaram de controlar o jogo que fechou o dia.
+ REPÚBLICA DA IRLANDA Com a maioria dos atletas na formação titular a atuar na Premier League, não havia dúvida de que o ritmo competitivo dos irlandeses seria extremamente elevado desde o pontapé de saída. Sem necessitar de controlar o jogo em termos de posse de bola, a seleção que veste verde não só desligou - tanto quanto possível - Zlatan Ibrahimovic do jogo, como se superiorizou aos nórdicos durante grande porção da partida. Apesar do empate, a Suécia não rematou à baliza durante todo o jogo - autogolo a dar o empate aos suecos - e isso é elucidativo da organização e concentração dos irlandeses no momento defensivo.
+ ANDRÉS INIESTA Numa altura em que a Espanha necessitava obrigatoriamente de um golo para vencer a República Checa, numa partida que parecia condenada a terminar sem qualquer golo marcado, o maestro chegou-se à frente com um cruzamento fantástico que encontrou a cabeça de Gerard Piqué. Apesar de ter brilhado com a assistência, a exibição de Iniesta não poderá ficar marcada apenas pela bola para golo: 91.4% de precisão em 93 passes tentados, 5 passes chave, 100% de sucesso em tentativas de drible bem sucedidas e apenas uma perda de bola durante toda a partida fazem do médio do Barcelona a figura da partida.
+ GIANLUIGI BUFFON Ver o guarda-redes da Juventus a festejar os golos italianos é qualquer coisa de inacreditável. Numa competição onde é necessário ter um líder mentalmente forte dentro de campo Buffon é, aos 38 anos, o melhor exemplo de paixão dentro das 4 linhas. 19 anos e mais de 150 jogos depois da sua estreia pela squadrazzurra, este tipo de compromisso e paixão pelo jogo é raro, e por mesmo cada vez mais especial.
- MARC WILMOTS Quando mexeu no xadrez belga, colocando Mertens e Origi, já era tarde demais. Além disso, ao fazê-lo, tirou de campo Radja Nainggolan, talvez o jogador belga que tivesse mostrado mais vontade de estar a atuar pela sua nação na partida até ao momento da sua substituição. Jogando com uma seleção em bloco baixo, focada primeiro em não sofrer e depois em desmantelar o adversário com bolas longas ou contra-ataques letais, a opção em Fellaini acaba por ser desmedida para uma equipa necessitava de toda a velocidade e criatividade disponível para marcar o mais cedo possível, obrigando os italianos a subir as linhas e assumir o jogo, algo que não se sentem totalmente confortáveis a fazer. A estrutura belga permitiu a Itália jogar como sabe.
- SUÉCIA Tendo eliminado os maiores rivais no playoff, a caminho do EURO, a Suécia de Erik Hamrén é, na teoria, uma das candidatas a surpresa da competição. Numa estreia altamente antecipada, muito por culpa de Zlatan Ibrahimovic e das suas obras de arte ao longo da temporada, os nórdicos protagonizaram uma das prestações mais desapontantes da competição até ao momento. Sem conseguir ameaçar a baliza de Darren Randolph na partida - nem o golo surgiu de um remate sueco -, as indicações não são propriamente brilhantes para as próximas partidas.
Para terminar, uma curta humorística, cortesia d'O anónimo: Tal como o milagre de Fátima que marcou o século XX, o século XXI fica marcado pelo milagre de ver adeptos do Real Madrid a festejar um golo do Piqué.
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