Hoje perdeu-se mais uma vida, neste caso a do jovem australiano Dylan Tombides. O avançado australiano do West Ham era dado como uma jovem promessa do futebol do seu país de origem, mas infelizmente o seu valor não pôde ser confirmado na sua totalidade devido à batalha extra que teve de travar durante três anos e que acabou por lhe tirar a vida: um cruel cancro testicular. E foi com essa nova realidade que Tombides encarou a sua vida, pontapeando o cancro em 2012. Para sua e de seus amigos e familiares, não de forma definitiva. Uma verdadeira tragédia que acontece, de forma curiosa mas obviamente triste, poucos dias depois do segundo aniversário da morte de outro jogador: Piermario Morosini. Se bem que em circunstâncias diferentes a tristeza acaba por ser a mesma.
Para Dylan Tombides, assim como para todos nós, a saúde era o que mais importava. Mas para este jovem, assim como outros futebolistas que ambicionam ser mais e melhores, tudo era futebol. Tudo o que fazia relacionava-se diretamente com o desporto rei. Travava uma batalha diária para ser melhor, mas de forma brusca teve que se ambientar a enfrentar outra dura batalha: o cancro. Aquela que diria eu ser uma notícia quase impossível¹ de entregar a alguém foi lhe entregue por um médico australiano que o contactou durante a sua estadia em Cancún, uma cidades anfitriãs do Mundial sub-17 de 2011. Foi nessa competição que mais prometeu, marcando o golo da sua carreira frente à Costa de Marfim num tento repleto de categoria. O jovem, na altura com os seus 17 anos, foi titular em todos os jogos dos Socceroos na competição até à eliminação por 4-0 aos pés do modesto Uzbequistão.
¹ o cancro testicular de Dylan Tombides foi diagnosticado de forma aleatório na sequência dum controlo anti-doping realizado a alguns jogadores australianos após a derrota acima referida frente ao Uzbequistão.
Há momentos que definem carreiras e legados, palavras frequentemente utilizadas na gíria do futebol. E, por mais cruel tenham sido os últimos anos da vida do jovem Socceroo, o golo referido será sempre um aspeto positivo. Nessa altura já representava os Hammers, clube em que alinhava nos escalões de formação, segundo os registos disponíveis, desde os 15 anos. E acabaria por fechar lá a sua carreira cinco anos depois em circunstâncias obviamente indesejáveis. Há alguns aspetos a refletir.
1. O CHOQUE: É difícil para qualquer pessoa, por muito mais frias que possam ser, receber uma má notícia. Para que não chegasse, e neste caso particular, Dylan Tombides era um jovem de 17 anos a viver um sonho. Ainda menor de idade o duelo travado com as suas emoções foi, na teoria, ainda maior. A gestão das mesmas poderia ser instável, complicado e frustrante. O contraste de realidades foi, aos olhos do próprio, avassalador. Num dia faz-se o golo duma carreira, noutro luta-se pela vida.
2. RECUPERAÇÃO E ANSIEDADE: "Pai, isto pode matar-me?" foi uma das declarações mais marcantes do jovem reveladas pelo próprio numa entrevista após a sua recuperação, dez meses depois de derrotar o cancro testicular. O jogador referiu que, ao não ser perfeitamente instruído sobre o cancro e as implicações na sua vida, não pensou devidamente no assunto e nas consequências que isso poderia trazer. Na mesma entrevista refletiu que após a primeira sessão de tratamento pensou que depois de poucos meses iria voltar aos relvados.
3. ENCARAR A REALIDADE: De forma natural o australiano acabou por aceitar e perceber o que realmente o assombrava. Oito meses após começar o tratamento, revelou o próprio, consciencializou-se do que realmente lhe acontecera. Não compreendendo a severidade do seu problema num primeiro período, foi ao frequentar o tratamento e enfrentando a sua condição que se mentalizou, de forma madura, da sua severidade. E o choque, naturalmente, foi grande. Mas o alívio de pontapear o cancro também.
4. REGRESSO TRIUNFANTE: O maior desejo do jovem avançado era voltar à competição e isso acabou por acontecer, após vencer o cancro em 2012. Foi nesse ano que se iria estrear gloriosamente pelo West Ham, a 25 de setembro com apenas 18 anos. Em 2014 acabou por representar a Austrália no campeonato de sub-22 da AFC (federação asiática de futebol que alberga também a Austrália, como já acontece à alguns anos) no mês de janeiro, tornando-se uma mais valia para o grupo de trabalho.
5. O JOGADOR: Versátil, criativo, móvel e forte. Eram estas algumas das principais características do futebol de Dylan Tombedis, um avançado que fazia constantes recuos no terreno e pegava na batuta quando era requerido para tal função. Noutra nota convém também referir que o jogador perdeu peso durante a sua recuperação, algo perfeitamente natural mas que o próprio tentou remediar aquando do seu regresso à competição em 2012. O seu foco principal foi recuperar os quilos de massa muscular, viabilizando o seu jogo aéreo ou força nas disputas de bola.
Reforço a ideia de que é terrível perder mais um elemento da comunidade futebolística, ainda para mais nestas condições. O futuro aparentava ser de grande valor para este jovem australiano que ia aos poucos gravando o seu estilo no mundo de futebol. Será outro nome que ainda assim nunca será esquecido pela sua coragem e pelo seu carácter. Descansa em paz, Dylan James Tombides. 1994 - 2014.
Para Dylan Tombides, assim como para todos nós, a saúde era o que mais importava. Mas para este jovem, assim como outros futebolistas que ambicionam ser mais e melhores, tudo era futebol. Tudo o que fazia relacionava-se diretamente com o desporto rei. Travava uma batalha diária para ser melhor, mas de forma brusca teve que se ambientar a enfrentar outra dura batalha: o cancro. Aquela que diria eu ser uma notícia quase impossível¹ de entregar a alguém foi lhe entregue por um médico australiano que o contactou durante a sua estadia em Cancún, uma cidades anfitriãs do Mundial sub-17 de 2011. Foi nessa competição que mais prometeu, marcando o golo da sua carreira frente à Costa de Marfim num tento repleto de categoria. O jovem, na altura com os seus 17 anos, foi titular em todos os jogos dos Socceroos na competição até à eliminação por 4-0 aos pés do modesto Uzbequistão.
¹ o cancro testicular de Dylan Tombides foi diagnosticado de forma aleatório na sequência dum controlo anti-doping realizado a alguns jogadores australianos após a derrota acima referida frente ao Uzbequistão.
Há momentos que definem carreiras e legados, palavras frequentemente utilizadas na gíria do futebol. E, por mais cruel tenham sido os últimos anos da vida do jovem Socceroo, o golo referido será sempre um aspeto positivo. Nessa altura já representava os Hammers, clube em que alinhava nos escalões de formação, segundo os registos disponíveis, desde os 15 anos. E acabaria por fechar lá a sua carreira cinco anos depois em circunstâncias obviamente indesejáveis. Há alguns aspetos a refletir.
1. O CHOQUE: É difícil para qualquer pessoa, por muito mais frias que possam ser, receber uma má notícia. Para que não chegasse, e neste caso particular, Dylan Tombides era um jovem de 17 anos a viver um sonho. Ainda menor de idade o duelo travado com as suas emoções foi, na teoria, ainda maior. A gestão das mesmas poderia ser instável, complicado e frustrante. O contraste de realidades foi, aos olhos do próprio, avassalador. Num dia faz-se o golo duma carreira, noutro luta-se pela vida.
2. RECUPERAÇÃO E ANSIEDADE: "Pai, isto pode matar-me?" foi uma das declarações mais marcantes do jovem reveladas pelo próprio numa entrevista após a sua recuperação, dez meses depois de derrotar o cancro testicular. O jogador referiu que, ao não ser perfeitamente instruído sobre o cancro e as implicações na sua vida, não pensou devidamente no assunto e nas consequências que isso poderia trazer. Na mesma entrevista refletiu que após a primeira sessão de tratamento pensou que depois de poucos meses iria voltar aos relvados.
3. ENCARAR A REALIDADE: De forma natural o australiano acabou por aceitar e perceber o que realmente o assombrava. Oito meses após começar o tratamento, revelou o próprio, consciencializou-se do que realmente lhe acontecera. Não compreendendo a severidade do seu problema num primeiro período, foi ao frequentar o tratamento e enfrentando a sua condição que se mentalizou, de forma madura, da sua severidade. E o choque, naturalmente, foi grande. Mas o alívio de pontapear o cancro também.
4. REGRESSO TRIUNFANTE: O maior desejo do jovem avançado era voltar à competição e isso acabou por acontecer, após vencer o cancro em 2012. Foi nesse ano que se iria estrear gloriosamente pelo West Ham, a 25 de setembro com apenas 18 anos. Em 2014 acabou por representar a Austrália no campeonato de sub-22 da AFC (federação asiática de futebol que alberga também a Austrália, como já acontece à alguns anos) no mês de janeiro, tornando-se uma mais valia para o grupo de trabalho.
5. O JOGADOR: Versátil, criativo, móvel e forte. Eram estas algumas das principais características do futebol de Dylan Tombedis, um avançado que fazia constantes recuos no terreno e pegava na batuta quando era requerido para tal função. Noutra nota convém também referir que o jogador perdeu peso durante a sua recuperação, algo perfeitamente natural mas que o próprio tentou remediar aquando do seu regresso à competição em 2012. O seu foco principal foi recuperar os quilos de massa muscular, viabilizando o seu jogo aéreo ou força nas disputas de bola.
Reforço a ideia de que é terrível perder mais um elemento da comunidade futebolística, ainda para mais nestas condições. O futuro aparentava ser de grande valor para este jovem australiano que ia aos poucos gravando o seu estilo no mundo de futebol. Será outro nome que ainda assim nunca será esquecido pela sua coragem e pelo seu carácter. Descansa em paz, Dylan James Tombides. 1994 - 2014.
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