História foi feita no Gabão. Vencendo a Costa do Marfim a desconhecida seleção da Zâmbia, treinada pelo francês Hervé Renard, conquistou pela primeira na sua história a Taça das Nações Africanas, dominada por CAN (Cup of African Nations). Curiosamente a Costa do Marfim não sofreu qualquer golo nesta competição em período regulamentar ou prolongamento, porém foram as grandes penalidades que ditaram o desfecho desta partida (onde a seleção também conhecida por Chipolopolo venceu a Costa do Marfim por 8-7), com Drogba a ter uma forte presença nos primeiros 90 minutos, pela negativa.
Esta seleção conseguiu algo inédito. Para começar, uma seleção do Sul de África e outra do Oeste chegaram à final, quebrando para já a hegemonia de três títulos consecutivos para o Egipto e consequentemente uma vitória de uma seleção do Norte daquele que se pensa ser o continente habitado à mais tempo. Primeiro ponto da história foi feita via esses parâmetros. Depois há que ver que esta seleção nem sempre conseguiu qualificar-se para a fase de grupos desta competição. Imagine-se que à 8 anos nem para a primeira fase se qualificaram. Apesar da boa prestação em 2010 (quartos de final), nada fazia esperar esta vitória sobre a Costa do Marfim.
Outro dado curioso é que - e já foi referido acima - a Costa do Marfim não sofreu qualquer golo nesta edição da CAN, apenas sofreu 8 golos na marcação de grande penalidades, na final do Gabão. Com Drogba a falhar uma grande penalidade para a sua equipa aos 70 minutos, um sinal de esperança era lançado quer para os jogadores e adeptos da seleção que a bem dizer não tinha nada a perder.
Grande jogo de futebol, passando para outra perspectiva da final, a que realmente marcou o desfecho. A Zâmbia, capitaneada por Chris Katongo, entrou sem medo na partida, fazendo aquilo que lhes era mais importante. Conseguiram anular de certa forma o jogo ofensivo da Costa do Marfim, que contava como homens mais perigosos os jogadores do campeonato inglês Gervinho (Arsenal), Kalou e Drogba (ambos do Chelsea de Villas-Boas). Dado curioso: ao contrário da Costa do Marfim que não teve qualquer jogador a atuar no campeonato do seu país nesta competição, a Zâmbia levou 6 (isto é surpreendente, visto que o campeonato da Zâmbia é totalmente desconhecido para todos nós e para a maior parte dos europeus). De resto apenas 4 jogadores desta seleção vencedora jogam fora de África, um na Suiça, outro na Rússia e o capitão Katongo na China, tal como James Chamanga, porém alinhando em equipas diferentes.
Jogo fantástico, é o que se pode tirar dos 120 minutos. Grande ritmo que se viu, com a algo jovem seleção da Zâmbia a jogar com tudo o que tinha, sem ter nada a perder, até porque para eles chegar à final já era uma grande vitória. E é isto que faz o futebol um desporto tão emocionante. Confesso que me deu prazer ver a Zâmbia vencer, por várias razões. Como adepto totalmente neutro nesta partida gostei de ver a equipa menos conhecida a vencer com justiça.
Os jogadores e adeptos mereceram, Renard mereceu e a federação de futebol da Zâmbia mereceu, depois do grave incidente de avião que matou a equipa da Zâmbia em 1993, no mesmo país em que esta final foi disputada, o Gabão. A vitória foi dedicada a esses jogadores e restantes pessoas que morreram nesse acidente à 19 anos. Grande jogo de futebol e uma vitória que irá colocar a Zâmbia em evidência, sendo uma qualificação para o Euro 2014 a afirmação definitiva dos homens do Sul.
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