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Exibição à Porto não bastou


  Desfecho injusto, mas assim é o futebol. O Porto fez, com alguma surpresa, uma das melhores (se não a melhor) exibição da sua época. Frente ao Manchester City (atualmente denominado como um 'grande' de Inglaterra) poucas eram as hipóteses atribuídas ao clube português, mesmo que fora de casa o City tenha, com alguma naturalidade, mais dificuldades. Assim, conquistado uma vitória em terreno forasteiro, a equipa de Roberto Mancini tem a eliminatória a seu favor, não tendo (apesar de estar em vantagem) a eliminatória dada por vencida.

    Nenhuma das equipas vacilou no 11 inicial. O City utilizou praticamente o seu onze base, com jogadores de classe mundial, sem excepções. A equipa que está entre as mais ricas do mundo ainda se deu ao luxo de colocar no banco jogadores como Zabaleta, David Pizarro, Kolarov, Kun Agüero (que ia entrar e dar o golo da vitória para a sua equipa) e o bósnio que não à muito tempo defrontou a seleção nacional na Luz, falo claro de Edin Dzeko. Uma verdadeira chuva de estrelas, este City, que finalmente está a dar resultados, algo que não é totalmente surpreendente tendo em conta o investimento deste clube nas épocas passadas, que está na casa das centenas de milhões. Estranho era o clube continuar a lutar pelas competições europeias, como vinha a fazer há umas épocas atrás.

  No lado da equipa casa, o Porto, o investimento para esta época foi muito menor do que o dos ingleses, mas não foi isso que fez com que a turma de Vítor Pereira deixasse de enfrentar o City taco-a-taco, dominando o jogo por completo na primeira parte, inclusive. Mesmo com a lesão de Danilo à passagem do quarto de hora da partida (o que iria implicar mudanças táticas, sendo Mangala opção para substituir o jovem brasileiro, encostando Maicon ao lado direito do setor defensivo) lesionou-se com uma certa gravidade. Danilo diz que estará de volta dentro de um mês e meio, no seu Twitter, mas se as suspeitas de um ligamento lateral interno do joelho esquerdo se confirmarem irá falhar o resto da temporada. O Porto, apesar de atacar preferencialmente pelo lado esquerdo sentiu um pouco a falta de Danilo, tendo um Maicon não tão familiarizado com a posição a não arriscar tanto, podendo perder a bola numa zona que originaria um contra-ataque adversário.


  O jogo teve dois momentos distintos, um favorável a cada equipa. O factor determinante foi que uma delas aproveitou melhor o período em que esteve melhor no jogo do que a outra, não jogando tão bem como a outra, inclusive. Chamou-se-lhe de eficácia e oportunismo. A verdade é que na primeira parte o Porto podia ter resolvido a partida, marcando, sem exageros, pelo menos dois golos. Faltou eficácia, coisa que o adversário dispôs de. Que bem que jogava a equipa de Vítor Pereira na primeira parte, era realmente um prazer ver este Porto jogar, foram sem dúvida alguma os melhores 45 minutos da temporada para os da cidade invicta. O golo surgiu depois um magnífico passe de Lucho para Hulk, brasileiro este que cruzou para a área onde estava Varela, depois de um movimento em que se deslocou do lado direito para o centro da área, onde se adiantou aos defesas do Manchester e bateu Joe Hart. Festejos efusivos vindos das bancadas do Dragão. Mesmo antes do golo do Porto houve um lance muito duvidoso, onde Kompany empurra Hulk dentro da grande área. De acordo com os comentadores da estação televisiva, uma grande penalidade ficou por assinalar. De Jong também devia ter sido expulso na segunda parte se o árbitro mantivesse o critério (amarelou Álvaro Pereira que falhará assim o próximo jogo em Manchester por tocar involuntariamente na cara de Batelolli com o braço) que até ao momento tinha mostrado. O Manchester reagiu na primeira parte, permitindo a Hélton dois pares de defesas de grande categoria. Primeira parte de chorar por mais, intervalo no Dragão com muitos aplausos.

  Na segunda parte o Porto entrou novamente bem, mas não tão bem. Num dos dois remates do Manchester em toda a segunda parte o lateral direito Micah Richards rematou ao poste, onde Hélton seria mal batido se a bola entrasse. No outro remate do Manchester na segunda parte Agüero fez o 1x2, carimbando a reviravolta no marcador. Outro dado curioso na segunda parte foi Álvaro Pereira. Depois de encher o campo na primeira parte, atacando muito pelo corredor esquerdo, foi amarelado (como já disse não vai jogar em Manchester) e marcou o golo que deu o empate aos ingleses, ou melhor, um auto-golo, num cabeceamento e lance muito infeliz do uruguaio. A partir daí o City conseguiu ser melhor do que aquilo que estava a ser até ao momento, mas com o Porto a demonstrar uma ligeira superioridade, ainda assim. Kléber entrou na partida quando faltavam 15 minutos para o fim, fazendo com que Hulk voltasse ao flanco direito. No minuto a seguir a substituição determinante no jogo. Agüero por Super Mario, ou Balotelli. Depois de 7 minutos em campo consonou a reviravolta dos Citizens. Resultado que não mostrou aquilo que foi o jogo, onde se viu um Porto personalizado que merecia a vitória.

  Para o registo ficam ainda suspeitas de insultos racistas dos Super Dragões a Mario Balotelli e a Yaya Touré. A UEFA está a aguardar pelo relatório do árbitro turco, que de resto seria alguém que influenciaria a partida. Marcou um exagero de faltas (42), obrigando um belo jogo de futebol a muitas paragens. Coisas complicadas para o Porto no Eithad Stadium, onde o City é muito forte.

Comentários

  1. Excelente crónica mais uma vez! Linguagem e termos utilizados agradam e captam para a leitura do texto. De resto a opinião está disposta de modo assertivo e claro. Continua o bom trabalho!

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